Um equívoco comum quando tratamos de pessoas com deficiência é qual a nomenclatura correta a se usar. Frequentemente encontramos pessoas utilizando termos errados.
Num primeiro momento a nomenclatura pode parecer um detalhe “bobo”, mas, a construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem.
Certos termos chegam a ser ofensivos e até pouco tempo eram amplamente utilizados para definir a Pessoa com Deficiência. Ex: Inválidos, Incapacitados, Incapazes, Pessoa defeituosa, Aleijado, Mongol, etc.
Os termos mais pejorativos foram dando lugar a outras nomenclaturas, que apesar de mais “leves” que os anteriores ainda não representavam o público de pessoas com deficiência. Eram eles: Portadores de Deficiência, Portadores de necessidades especiais, Pessoas com Necessidades especiais.
É nítida como a grande maioria das definições apresentadas no parágrafo anterior estava plena de preconceito, dando um peso negativo ao termo. Por exemplo quando digo “Portador de deficiência” automaticamente me remete a algo ruim, algo que é um peso, que deve ser carregado, pois, quem porta, porta algo.
Procurando-se encontrar um termo mais adequado A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu como o termo mais adequado: PESSOA COM DEFICIÊNCIA texto que consta na Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência.
Cabe então uma pergunta. Porque este é o termo mais adequado?
Eis os princípios básicos para que a OMS ter chegado este nome:
1. Não esconder ou camuflar a deficiência;
2. Não aceitar o consolo da falsa idéia de que todo mundo tem deficiência;
3. Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;
4. Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
5. Combater neologismos que tentam diluir as diferenças, tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”, “é desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós somos imperfeitos”, “não se preocupem, agiremos como avestruzes com a cabeça dentro da areia” (i.é, “aceitaremos vocês sem olhar para as suas deficiências”);
6. Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;
7. Identificar nas diferenças todos os direitos e deveres que lhes são pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).
Provavelmente aquelas pessoas que estão acostumadas a falarem Portadores de Deficiência, Pessoas com necessidades especiais terão dificuldade para reprogramar, mas, é importante que o façam. Treinem, escrevam e principalmente compreendam a necessidade da mudança.
Luciano Amato
Especialista - Liderança, Trabalho em Equipe, Atendimento ao Cliente, Segurança do Trabalho e Consultoria de Atendimento ao Cliente.